quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Permeabilidade Seletiva e Funções das Proteínas


Permeabilidade Seletiva


A permeabilidade seletiva é um processo responsável por manter o meio intracelular adequado para seu funcionamento e também, para a sobrevivência da célula.
As células são compostas por substâncias distintas ao meio que a cerca, tanto em termos de compostos como em termos de quantidade. A membrana celular é a estrutura responsável pela escolha do que entra e do que sai da célula, permitindo assim, que a célula mantenha seu equilíbrio no seu interior, independente do meio externo a ela.
São três os processos responsáveis pela passagem seletiva de substâncias pela membrana plasmática, que são: transporte passivo, transporte ativo e transporte em quantidade.

Membrana Celular

A membrana celular é composta, aproximadamente, 50% por lipídios, sendo a outra parte, formada por proteínas. As moléculas lipídicas são anfipáticas, pois possuem uma extremidade hidrofóbica ou polar (solúvel em meio aquoso) e uma extremidade hidrofóbica ou não-polar (insolúvel em água).
Os principais lipídios formadores da membrana são:
  • Fosfolipídios: possuem uma cabeça polar e duas caudas de hidrocarboneto hidrofóbicas, conferindo a característica de dupla camada lipídica.
  • Colesterol: esta molécula aumenta a propriedade de permeabilidade das duplas camadas lipídicas, tornando a bicamada lipídica menos propensa a deformações.
  • Glicolipídios: participam da proteção da membrana plasmática em condições adversas.
Os lipídios constituintes da membrana plasmática estão em constante movimento, proporcionando uma fluidez à membrana. Esta dependente também da quantidade de colesterol e da temperatura, pois quanto maior estiverem ambos, menos fluída encontra-se a membrana.

Proteínas da Membrana

Existem dois tipos de proteínas que desempenham a maior parte das funções especificas da membrana celular, conferindo as propriedades funcionais que caracterizam cada tipo de membrana. São elas:
  • Proteínas transmembrana: estão são anfipáticas e ultrapassam a bicamada lipídica, uma única vez (proteína transmembrana de passagem única) ou diversas vezes (proteínas transmembrana multipassagem). Possui formato de uma hélice ou barris e podem exercer a função de transporte de íons, ou ainda, funcionar como receptores ou como enzimas.
  • Proteínas periféricas: esta se prende a superfície interna e externa da membrana através de diversos mecanismos.
Fontes:
http://www.tudomaisumpouco.com/aulabio3.html
http://educacao.uol.com.br/biologia/ult1698u70.jhtm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Permeabilidade_seletiva



Funções das Proteínas



As proteínas desempenham um grande número de funções biológicas nas células:

Enzimas

As enzimas são catalisadores biológicos com alta especificidade. É o grupo mais variado de proteínas. Praticamente todas as reações do organismo são catalisadas por enzimas.

Proteínas transportadoras

Podemos encontrar proteínas transportadoras nas membranas plasmáticas e intracelulares de todos os organismos. Elas transportam substâncias como glicose, aminoácidos, etc. através das membranas celulares. Também estão presentes no plasma sanguíneo, transportando íons ou moléculas específicas de um órgão para outro. A hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos transporta gás oxigênio para os tecidos. O LDL e o HDL também são proteínas transportadoras.

Proteínas estruturais

As proteínas participam da arquitetura celular, conferindo formas, suporte e resistência, como é o caso da cartilagem e dos tendões, que possuem a proteína colágeno.

Proteínas de defesa

Os anticorpos são proteínas que atuam defendendo o corpo contra os organismos invasores, assim como de ferimentos, produzindo proteínas de coagulação sanguínea como o fibrinogênio e a trombina. Os venenos de cobras, toxinas bactérias e proteínas vegetais tóxicas também atuam na defesa desses organismos.

Proteínas reguladoras

Os hormônios são proteínas que regulam inúmeras atividades metabólicas. Entre eles podemos citar a insulina e o glucagon, que possuem função antagônica no metabolismo da glicose.

Proteínas nutrientes ou de armazenamento

Muitas proteínas são nutrientes na alimentação, como é o caso da albumina do ovo e a caseína do leite. Algumas plantas armazenam proteínas nutrientes em suas sementes para a germinação e crescimento.

Proteínas de motilidade ou contráteis

Algumas proteínas atuam na contração de células e produção de movimento, como é o caso da actina e da miosina, que se contraem produzindo o movimento muscular.






MITOCONDRIAS

A mitocôndria (do Grego μίτος ou mitos (fio/linha) + χονδρίον ou "chondrion" (grânulo).1 ), é um dos organelos celulares mais importantes, sendo extremamente relevante para a respiração celular.2 É abastecida pela célula que a hospeda por substâncias orgânicas como a glicose, as quais processa e converte em energia sob a forma de ATP, que devolve para a célula hospedeira, sendo energia química que pode ser usada em reações bioquímicas que necessitem de dispêndio de energia.3 A mitocôndria está presente em grande quantidade nas células: do sistema nervoso (na extremidade dos axônios), do coração e do sistema muscular, uma vez que estas apresentam uma necessidade maior de energia.
Duas mitocôndrias de células de tecido pulmonar de mamífero mostrando sua matriz e membranas como vistas ao microscópio eletrônico
A mitocôndria está presente na maioria dos eucariontes,4 excepto num grupo de protistas chamado Archezoa, apesar da análise genômica destes organismos indicar que podem ter perdido as mitocôndrias ao longo da evolução. A principal evidência disto é o facto de alguns genes codificadores de proteínas mitocondriais terem sido encontrados no genoma nuclear destes protistas (Bui & Bradley, 1996). Foi descrita por Altmann, em 1894 (que as denominou "bioblastos"), sugerindo a sua relação com a oxidação celular. O seu número varia entre as células, sendo proporcional à atividade metabólica de cada uma, indo de quinhentas a mil ou até dez mil dessas estruturas por célula.
Esta apresenta duas membranas fosfolipídicas, uma externa lisa e outra interna que se dobra formando vilosidades, chamadas cristas.5 A região limitada pela membrana interna é conhecida como matriz mitocondrial, onde existem proteínas, ribossomas e DNA mitocondrial, de forma circular, que contém 37 genes codificadores de 13 proteínas, de 2 rRNAs e 22 tRNAs. Estes são necessários no processo de produção de ATP, ou seja, necessários para que a respiração celular ocorra.
Esquema mostrando as mitocôndrias, um dos componentes de uma célula animal comum (organelas): (1) nucléolo (2) núcleo (3) ribossomos (pontos pequenos) (4) vesícula (5) retículo endoplasmático rugoso (6) complexo de golgi (7) Citoesqueleto (8) retículo endoplasmático liso (9) mitocôndria (10) vacúolo (11) citoplasma (12) lisossomo (13) centríolos dentro do centrossoma

A sua função é vital para a célula, sem a qual há morte celular. O DNA mitocondrial não se tem modificado muito desde do seu princípio, para além do descartar de DNA inutilizado, apesar do seu elevado índice de mutações (10 vezes maior que o DNA nuclear). O que acontece é que este DNA está apenas sujeito a modificações por mutação, dado não haver maneira do mesmo sofrer recombinação como acontece quando o DNA do espermatozoide entra no núcleo do óvulo, dando-se a recombinação quando metade do DNA de cada parente se junta, formando o ovo, ou zigoto. Como o que entra na célula sexual feminina vindo do pai é apenas o seu DNA nuclear, as mitocôndrias masculinas ficam de fora, logo não se dá recombinação do seu DNA. O resultado é só recebermos o DNA mitocondrial da mãe, levando a poucas modificações deste ao longo dos tempos. Os antropologistas aproveitam estas propriedades para examinar, através do DNA mitocondrial, as relações de parentesco entre os grandes grupos de seres vivos. Esta situação mostra-nos o elevado poder da recombinação genética, dado o DNA nuclear estar-se sempre a atrasar em relação ao mitocondrial que sofre mutações 10 vezes mais, ganha um enorme impulso de modificação na recombinação com outros DNAs.
A mitocôndria forma uma extensa rede, denominada rede mitocondrial. Essa rede é constituída por subunidades mitocondriais que podem se fundir ou se dividir de acordo com as necessidades fisiológicas.
O organelo tem sido associado, nos últimos anos, ao processo de morte celular denominado apoptose. Diversas proteínas mitocondriais encontram-se directamente ligadas à apoptose, como as proteínas BCL-2, AIF e o Citocromo C, por exemplo.
A mitocôndria é responsável por muitos processos catabólicos fundamentais para a obtenção de energia para a célula, como a β-oxidação de ácidos graxos, o Ciclo de Krebs e a Cadeia respiratória.

Estrutura

Diagrama de mitocôndria humana.
A mitocôndria contém as membranas exteriores e interiores compostas de bicamadas de fosfolípidos e proteínas. As duas membranas, no entanto, têm propriedades distintas.6 Devido a esta organização de dupla membrana, existem cinco compartimentos distintos dentro da mitocôndria. São eles:
  1. Membrana exterior mitocondrial,
  2. Espaço intermembranar (o espaço entre as membranas exteriores e interiores),
  3. A membrana mitocondrial interna,
  4. O espaço de cristas (formado por invaginações da membrana interna), e
  5. A matriz (espaço dentro da membrana interna).

Membrana exterior

A membrana externa mitocondrial, o que envolve a organela toda, tem uma proporção de proteína e de fosfolípidos semelhante ao da membrana plasmática eucariótica (cerca de 1:1 em peso). Ela contém um grande número de proteínas integrais chamadas porinas.7 Estas porinas formam canais que permitem que as moléculas de 5000 Daltons ou menos em peso molecular livremente se difundam de um lado da membrana para o outro.6 Proteínas maiores podem entrar na mitocôndria se uma sequência de sinalização em seu N-terminal se ligue a uma grande multisubunidade de proteína chamada Translocase da membrana externa, que então activamente as move através da membrana.8 A ruptura da membrana exterior permite que as proteínas no espaço intermembranar vazem para o citosol, conduzindo à morte celular certa.9

Espaço intermembranar

O espaço intermembranar é o espaço entre a membrana externa e da membrana interna. Como a membrana exterior é livremente permeável a moléculas pequenas, as concentrações de moléculas pequenas, tais como íons e açúcares no espaço intermembranar são as mesmas que o citosol.6 No entanto, as proteínas grandes devem ter uma sequência específica de sinalização para serem transportadas através da membrana externa, de modo que a composição de proteínas deste espaço é diferente da composição de proteínas do citosol. Uma proteína que está localizada no espaço intermembranar desta maneira é o citocromo c.9

Membrana interna

A membrana mitocondrial interna contém proteínas com cinco tipos de funções:
  1. Aquelas que realizam as reações redox de fosforilação oxidativa
  2. ATP sintase, que gera ATP na matriz
  3. Transportes específicos de proteínas que regulam a passagem de metabólitos para dentro e para fora da matriz
  4. Maquinaria de importação de proteínas.
  5. Fusão de mitocôndrias e fissão de proteínas.

Origem

As mitocôndrias têm muitas características em comum com procariontes. Como resultado, se crê que elas originalmente derivem de procariotas endossimbióticas.
A presença de material genético na mitocôndria, ainda por cima DNA circular (típico das bactérias), fez emergir teorias sobre sua origem. A estrutura circular também é encontrada em procariotas, e a semelhança é estendida pelo facto do ADN mitocondrial ser organizada com um código genético variante semelhante ao de proteobacterias.10 Isto sugere que seu ancestral, a chamado proto-mitocôndria, era um membro das proteobacterias. Em particular, a proto-mitocôndria era provavelmente estreitamente relacionada com a rickettsia.11 No entanto, a relação exacta do antepassado da mitocôndria para as alfa-proteobactérias e se a mitocôndria foi formada ao mesmo tempo ou após o núcleo, permanece uma questão controversa.12
Hoje em dia a maioria da comunidade científica acredita na teoria da endossimbiose. Esta afirma que a mitocôndria é descendente de uma bactéria. Há milhões de anos atrás, formaram-se as primeiras células que sobreviviam em poças de lamas vulcânicas fervilhantes atestadas de enxofre que servia para estas células produzirem energia. Após a formação dos primeiros oceanos, apareceram as primeiras células fotossintéticas. Estas tinham a capacidade de usar a luz solar para fabricar energia, com libertação de oxigénio. Passados muitos anos, os índices de oxigénio na atmosfera começaram a aumentar e os de enxofre a diminuir. Nessa altura, os organismos não toleravam nada bem o oxigénio sendo tóxico para os mesmos, já que antes os índices de oxigénio eram residuais. Portanto, quem tinha melhor capacidade de sobrevivência eram os seres que aprenderam a viver com o oxigénio, ou porque aprenderam a usá-lo como fonte de energia, ou porque através de fagocitose ganharam uma relação simbiótica com seres que já tinham essa capacidade, fornecendo protecção e nutrientes em troca. Os seres celulares antepassados da mitocôndria evoluíram primeiro, em relação ao aumento de percentagem de oxigénio no ar, que os seres unicelulares mais complexos, como por exemplo, os nossos antepassados, portanto estes fagocitaram os outros e ambos ganharam uma relação simbiótica que foi evoluindo, e sendo cada vez mais próxima, tornando-se cada vez mais tolerantes um com o outro. Agora não há razão para dizer que a mitocôndria é um ser vivo independente, mas sim parte de um, pois a relação simbiótica levou-a a descartar-se do DNA que a possibilitava de viver por si só, tornando-se num organelo de alto rendimento, dado só ter ficado como o DNA que codifica oligonucleótidos: house-keeping e que participam no processo de produção de ATP. A prova evidente de que a mitocôndria é descendente de bactérias é: o seu próprio DNA ser muito parecido com o das bactérias de hoje em dia: é circular e não tem intrões;13 a mitocôndria não tem núcleo organizado; a mitocôndria tem uma camada dupla de lipídeos, resultante da eventual fagocitose.

Ciclo de Krebs

O ciclo de Krebs, ácido cítrico ou tricarboxílico, corresponde a uma série de reacções químicas que ocorrem na vida da célula e no seu metabolismo. Descoberto por Sir Hans Adolf Krebs (1900-1981).
O ciclo é executado na mitocôndria dos eucariontes e no citoplasma dos procariontes. Trata-se de uma parte do metabolismo dos organismos aeróbicos (utilizando oxigênio da respiração celular); organismos anaeróbicos utilizam outro mecanismo, como a glicólise = outro processo de fermentação independente do oxigênio.
O ciclo de Krebs é uma rota anfibólica, catabólica e anabólica , com a finalidade de oxidar a acetil-CoA (acetil coenzima A), que se obtém da degradação de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos a duas moléculas de CO2.
Este ciclo inicia-se quando o piruvato que é sintetizado durante a glicólise é transformado em acetil CoA (coenzima A) por acção da enzima piruvato desidrogenase. Este composto vai reagir com o oxaloacetato que é um produto do ciclo anterior formando-se citrato. O citrato vai dar origem a um composto de cinco carbonos, o alfa-cetoglutarato, com libertação de NADH, e de CO2. O alfa-cetoglutarato vai dar origem a outros compostos de quatro carbonos com formação de GTP, FADH2, NADH e oxaloacetato. Após o ciclo de Krebs ocorre outro processo denominado fosforilação.
O ciclo de Krebs tem 8 etapas:
  1. Formação do citrato
  2. Formação do isocitrato via cis-aconitato
  3. Oxidação do isocitrato a a-cetoglurato e CO2
  4. Oxidação do a-cetoglurato a succinil-CoA e CO2
  5. Conversão do succinil-CoA em succinato
  6. Oxidação do succinato a fumarato
  7. Hidratação do fumarato produz malato
  8. Oxidação do malato a oxalato
A cada volta do ciclo de Krebs são produzidos três moléculas de NADH, uma de FADH2, uma de nucleosídeo trifosfato (ATP ou GTP).

β-oxidação de ácidos graxos

É adicionada a coenzima A (coA) aos ácidos graxos de cadeia longa, e esses ácidos graxos, chamados CoA graxos, são identificados pelo complexo proteico carnitina e assim migram para dentro da mitocôndria. Na mitocôndria, os ácidos graxos unem-se com as enzimas metabólicas, gerando assim o complexo acetil-coA.
O piruvato, então, une-se ao complexo acetil-coA, formando-se, assim, o ácido pirúvico, que é extremamente perigoso para a célula. A sua presença em grandes quantidades pode ser mutagénico, portanto, carcinogénico (ou seja, pode provocar cancro, hanseníase, e algumas doenças respiratórias).




O que atrai ou repele picadas de insetos nos humanos?


O que atrai ou repele picadas de insetos nos humanos?

Genes e bactérias podem tornar algumas pessoas mais vulneráveis à picada do mosquito transmissor da malária


Por Rob Dunn

Mosquitos devoram algumas pessoas e ignoram outras.

Se eles gostam de você, mate uma dúzia e outra aparecerá em seu lugar inserindo suas trombas pontiagudas em seus vasos sanguíneos sorvendo o mais rápido que podem. Por quê? Podemos considerar a questão de duas maneiras.

A versão em que costumamos pensar é “por que eu?” O que é que meu corpo tem que atrai os mosquitos para mim? Mas há um porquê maior. Por que essa variação de atração humana existe em primeiro lugar para mosquitos?

No que diz respeito ao segundo por que, sejamos razoáveis e comecemos com algumas hipóteses. Os mosquitos são um dos grupos mais mortais de organismos na face da Terra, mais fatais que tigres, cobras ou até outros humanos. Eles matam por procuração. Transmitem patógenos, como a dengue, a febre amarela, e o verdadeiro demônio entre os demônios, a malária.

Nos últimos 12 mil anos (desde os primórdios da agricultura), a malária já matou gente suficiente, principalmente crianças, para que as populações humanas expostas à doença tenham desenvolvido uma reação a ela.

A malária exerceu pressão sobre o genoma humano em quase todas as regiões onde se mostrou historicamente presente.

Esse foi o grande salto nunca superado por grande parte da humanidade e as pessoas que o fizeram muitas vezes pagaram um preço alto.

As populações há muito expostas à malária são mais propensas a ter a anemia falciforme, além de dezenas de outras mutações que previnem a infecção ou tornam as suas consequências menos fatais. Quase todas essas adaptações têm efeitos colaterais, ora perigosos, ora apenas um pouco menos perigosos que a malária.

Nenhum organismo influenciou mais a evolução humana que o parasita da malária (e seus atrelados, os mosquitos Anopheles). Isso me leva a três hipóteses.

Hipóteses

Primeiro: podemos imaginar que os descendentes dos povos que conviveram com a malária podem ser menos atraentes para os mosquitos (porque os que foram mais atraentes morreram). Chamemos essa hipótese de “camuflagem odorante”, que será o meu foco aqui.

A segunda hipótese (francamente, menos empolgante) sugere que os seres humanos simplesmente variem no que quer que seja que atraia os mosquitos. Talvez alguns humanos apenas sejam mais evidentes para os mosquitos, acidentalmente mais adoráveis.

Uma terceira possibilidade, mas não a final, é que os mosquitos escolhem pessoas cujos odores indicam que elas serão melhores anfitriãs.

Todo mundo atrai mosquitos em certa medida. Do ponto de vista dos mosquitos, o mundo é composto por rios de dióxido de carbono que fluem das boca de animais. Esse dióxido de carbono flui de todos nós.

Os mosquitos voam na direção de concentrações mais elevadas de CO2 e, uma vez encontrado um corpo quente, isso os leva perto o suficiente para tomar outras decisões mais exigentes.

Como todos os seres humanos adultos respiram aproximadamente o mesmo volume (nossos corações exigem essa paridade básica) as diferenças do que é atraente para os mosquitos em nós nada têm a ver não com o dióxido de carbono, mas com os odores dos nossos corpos.

A maior parte de seu odor íntimo e pessoal, a mélange de você mesmo, é produzida pelas bactérias existente dentro de você e ao seu redor. Você está densamente coberto por uma fina e peluda colcha de retalhos de centenas de espécies de bactérias. Se matar todas elas em um pedaço da pele, ela ficará inodora (salvo uma suave fragrância do agente de limpeza que utilizou). Quando se trata de odor, você é um resumo de suas bactérias.

O teste perfeito

Se fôssemos testar nossa primeira hipótese, gostaríamos de comparar a atração que pessoas de diferentes regiões exercem sobre os mosquitos.

Com base nessa hipótese, esperamos que os mosquitos da malária, por exemplo, o Anopheles gambiae, sejam menos atraídos pelo cheiro das bactérias de seres humanos de zonas infestadas pela malária, uma vez que qualquer ser humano dessas regiões menos atraentes para os insetos teria tido maior chance de sobreviver.

Poderíamos, então, isolar quais microrganismos ou outras fontes produzem o odor atraente (ou desinteressante) e talvez pudéssemos até usá-los como um repelente probiótico de mosquitos.

Após concluir um estudo desses com o Anopheles gambiae precisaríamos testar outros mosquitos. Você pode se surpreender ao saber que existem pelo menos três mil espécies de mosquitos na Terra e talvez até seis, sete ou até dez mil.

Não há razão para as histórias dessas diferentes espécies (a maioria evita os seres humanos completamente), ou o que as atrai, ser muito similar.

Todos os mosquitos percebem os sistemas de dióxido de carbono, mas fazem outra escolha assim que se aproximam de corpos. Para dar um exemplo, as espécies de mosquitos nativos comuns do leste da América do Norte nunca foram expostos a primatas até que os seres humanos atravessaram o estreito de Bering e depois caminharam pelas montanhas Rochosas até a Carolina do Norte.

Pode-se supor que os insetos foram atraídos por humanos cujo cheiro era mais parecido com o das criaturas que estavam, evolutivamente, acostumados a achar interessantes: bisões, alces, veados, megatérios (uma espécie de preguiça gigantesca) e outros animais. Há muitas histórias sobre mosquitos.

Retomando o que poderíamos descobrir, parece que ninguém investigou o “porquê” evolutivo por trás do que torna as diferenças entre os seres humanos tão atraentes para os mosquitos. Estudos recentes, porém, consideraram muitos aspectos do “por que eu?”

De início, as pesquisas encontraram vários fatores de atração que não podiam ser associados à dieta, ao tamanho do corpo ou ao sexo. Posteriormente foi constatado que as diferenças pareciam estar vinculadas ao odor do “hospedeiro”; mas em 2006, os pesquisadores descobriram que bactérias cutâneas cultivadas atraíam mosquitos.

Mais recentemente, o cientista holandês Niels Verhulst conduziu um estudo em que ele e sua equipe rolaram suavemente contas nos pés de 48 voluntários (O A. gambiae, o mosquito que está sendo estudado, é um mordedor de tornozelos).

Em seguida, as contas foram colocadas em sacos que foram “apresentados” aos mosquitos para seu julgamento. Com base na atração relativa que manifestaram em relação aos diferentes sacos de contas, os cientistas estabeleceram uma espécie de “pontuação Zagat” (um sistema de avaliação criado em 1979 pelo casal Zagat, principalmente para restaurantes) para as diversas probóscides investigativas (probóscide é o apêndice alongado dos mosquitos).

O Anopheles gambiae parece ter evoluído para viver com os humanos desde os primórdios da agricultura, mas ele gosta mais de alguns seres humanos que de outros.

Verhulst ponderou que talvez isso se devesse à mistura específica de espécies bacterianas nos tornozelos de cada pessoa. Todos, exceto dois dos voluntários de Verhulst eram caucasianos.

É preciso frisar que este não é o grupo ideal de pessoas para se expor aos mosquitos da malária pela simples razão de que o Anopheles gambiae e sua malária nunca viveram na Holanda; mas é lá que os pesquisadores estavam e aquilo foi um começo. Se o povo caucasiano holandês difere em sua atratividade para os mosquitos, isso pode ajudar a compreender melhor a questão do “por que eu?”

Os resultados foram fascinantes. Os odores de sete dos voluntários foram visivelmente favorecidos pelos insetos. Verhulst estudou as bactérias dos pés desses “escolhidos” e dos outros voluntários.

As pessoas com mais tipos de bactérias em seus pés tendiam a ter menos indivíduos bacterianos (ou se tem muitos tipos ou muitos indivíduos bacterianos, mas não os dois juntos).

As pessoas cujos odores eram preferidos pelos mosquitos tendiam a ter uma diversidade menor e uma abundância maior de microrganismos. Eureca!

A culpa era dos microrganismos, em se tratando de 48 holandeses e um monte de mosquitos africanos. Ou pelo menos é isso o que sabemos até agora. (Verhulst acredita que onde a diversidade bacteriana é alta os microorganismos suprimem as populações e os odores das bactérias que seriam comuns.

Se isso fosse verdade, essas bactérias poderiam teoricamente estar ajudando ativamente a disfarçar o nosso odor, ou nosso mutualismo mal-cheiroso.)

Mas e quanto às outras espécies de mosquito? E quanto às populações historicamente expostas à malária versus as que não o foram? E se as pessoas fossem inoculadas com bactérias que reduzem seus odores? Não sabemos nada disso. Nada.

Empacados no meio da história

Para milhões de pessoas, a atratividade específica de sua pele é uma coisa de vida ou morte. Centenas de estudos analisaram por que algumas pessoas atraem mosquitos e outras não.

As bactérias só foram invocadas recentemente, mas parecem ter um peso relevante na história. O contexto evolutivo dessa atratividade ainda não foi bem considerada. Dado o forte impacto que a malária tem tido na sobrevivência humana, seria muito surpreendente se não houvesse um elemento evolutivo na história do por que alguns de nós somos mais “comestíveis” que outros.

Como a abordagem dos mosquitos da malária, no entanto, tem sido principalmente medicinal, o foco foi limitado. Eis aqui uma convocação para se uma usar uma boa lente de aumento.

A boa notícia é que pelo menos no que diz respeito à primeira hipótese, seria fácil testar as possibilidades que podem resultar do uso da lente de aumento da evolução.

Niels Verhulst e seus colegas só precisariam repetir seu estudo inicial e verificar se as pessoas de diversos grupos étnicos têm diferentes bactérias devido à exposição histórica de seus povos à malária e se essas bactérias determinam uma atração previsível para os mosquitos. (A diversidade dos imigrantes na Holanda certamente poderia ajudar nessa empreitada).

Isso não seria plenamente conclusivo, mas seria um começo. Ainda existem outras abordagens.

Enquanto isso, se você é altamente atraente para mosquitos, pode atribuir este fato ao seu odor, um odor produzido por suas bactérias e que pode ou não ter sido influenciado pela história evolutiva de seu povo.

Encerrei esse artigo aqui e o enviei por e-mail a Niels Verhulst para ter certeza de não ter omitido algo importante sobre o seu trabalho.

Ele leu o artigo e escreveu: “Eu concordo”. Pensei comigo que isso era uma boa notícia, mas ele prosseguiu... “no entanto, temos algumas evidências de que os genes HLA (sigla em inglês para antígenos leucocitários humanos) estão envolvidos.

Esses genes determinam o nosso odor corporal (e provavelmente o perfil bacteriano da pele) e constatamos que pessoas com um gene em particular são mais atraentes para esse mosquito (...). Esse gene ocorre com menor frequência na África (onde o exemplar mais fatal da malária tem sido predominante há muito tempo) que na Europa ou nos Estados Unidos (onde a história da malária tem sido mais irregular)”.

Esse foi um resultado tentador; um resultado que me dá vontade de começar a estudar os mosquitos; um resultado que, embora não confirme nem rejeite nenhuma das hipóteses apresentadas acima, oferece a sugestão tentadora de que a nossa atração relativa para os mosquitos é/pode ser/poderia ser parte de uma história mais antiga de agricultura, imigração, agricultura, mosquitos e malária. A menos, é claro, que não seja.

Eu te amo ciência.

Sobre o autor: Rob Dunn escreve sobre ciências e é biólogo do Departamento de Biologia da North Carolina State University. Seu primeiro livro, Every Living Thing, contou as histórias dos biólogos às vezes obsessivos, ocasionalmente loucos, e sempre determinados que têm procurado descobrir os limites do mundo vivo. Sua nova obra, The Wild Life of Our Bodies, explora como as mudanças em nossas interações com outras espécies, sejam bactérias na nossa pele, ácaros na testa ou tigres, afetaram a nossa saúde e nosso bem-estar. Rob vive com sua esposa, dois filhos, e um monte de microrganismos em Raleigh, na Carolina do Norte. Siga-o no Twitter @RobRDunn.

As opiniões expressas são as do autor e não necessariamente as da Scientific American.

sciam14ago2013 





Como bactérias, fungos, minhocas e insetos mudam o solo?


Como bactérias, fungos, minhocas e insetos mudam o solo?

Escrito por john brennan | Traduzido por pamela oliveira

Minhocas têm um papel importante no enriquecimento do solo
worms image by Adrian Hillman from Fotolia.com

A terra de um jardim é o lar de uma enorme variedade de organismos, cada qual ocupando uma parte desse ecossistema em miniatura. Minhocas, fungos, bactérias e insetos são todos importantes para manter o solo fértil e as plantas verdes e saudáveis.

Função

Quando animais, plantas ou outros organismos morrem, os restos são decompostos pelos organismos decompositores, especialmente fungos, bactérias e minhocas. A decomposição recicla importantes nutrientes como o nitrogênio e o fósforo devolvendo-os ao solo para serem acessíveis para as plantas. Insetos têm um papel secundário nesse processo, pois seus restos e fezes são reciclados da mesma maneira.

Recursos

Alguns fungos colonizam as raízes das plantas e agem como simbiontes, providenciando nutrientes como fósforo e nitrogênio para a planta em troca de carbono. Bactérias fixadoras de nitrogênio e nitrificantes têm um papel ainda mais importante de capturar o nitrogênio atmosférico e convertê-lo em compostos que as plantas possam usar.

Considerações

Minhocas também ajudam a misturar o solo, levando nutrientes da superfície para as camadas mais inferiores e aumentando a porosidade, o que aumenta a taxa dos nutrientes e o fluxo de água. Algumas espécies de fungos podem ajudar a aglomerar ou ligar as partículas do solo, aumentando a quantidade de água que ele pode absorver. As bactérias, fungos e minhocas não só ajudam a sustentar a sobrevivência das plantas, mas também dão ao solo seu cheiro característico. De acordo com a cartilha de biologia do solo do Departamento de Agricultura Norte-Americano, o cheiro de terra fresca é gerado pela bactéria actinomiceto.


A IMPORTÂNCIA DO SOLO PARA A VIDA


A IMPORTÂNCIA DO SOLO PARA A VIDA
É no solo que se fixam e se desenvolvem a grande maioria das plantas do nosso planeta. Estas plantas, por sua vez vão servir de alimento para os animais.
Alem de contribuírem para a formação dos solos, os seres vivos desempenham outras tarefas importantes como torná-las férteis, ou seja, solos com apropriados para a agricultura, que são os mais importantes para o homem.
Bactérias
No solo existe uma grande quantidade de bactérias. Estes seres microscópicos decompõem a matéria orgânica e alguns captam o nitrogênio da atmosfera, o que é fundamental para as plantas.
Também produzem substâncias que vão ser utilizadas por outros seres vivos.

Fungos
Estes seres vivos, onde se incluem os cogumelos e o mofo, fazem a decomposição da matéria orgânica do solo transformando-a em matéria orgânica que é utilizada pelas plantas.
 
Formigas, minhocas e toupeira
Ao cavarem as galerias onde se instalam, estes animais revolvem o solo, que fica arejado, permitindo uma melhor passagem da água e do ar para as raízes das plantas. 
 
 
http://profclarisse.blogspot.com.br/2012/04/estudando-o-solo.html